21 setembro, 2015

Refugiados

No escrever e apagar das palavras
resta pouco daquilo que me traduz.
Mas me reconheço no reflexo da vidraça
vendo  os momentos desfilando lá fora,
ou  nessas coisas que acrescentam sentido à vida,
fugazes  também,
nas  angústias dos rostos que passam,
outras  histórias que o mundo traz,
no ritmo estranho de todas as horas.

Em todos os lugares, as trevas
a tristeza dos que são manobrados,
como se não houvesse futuro
ou tempo para discutir.
Sempre jogados, e ocupados
no básico essencial para sobreviver

só depois vem a escolha entre a revolta
e a angústia.
A batalha só existe
quando se tem consciência daquela força
que permite lutar.
Falo da angústia enorme
de não se sentir capaz de conquistar,
e depender  de algo que venha salvar
ou migrar para o seguro,
buscando a coragem gigantesca
de apenas  fugir...

12 setembro, 2015

Verso e Reverso

Nos versos, meu reverso.
Para quem me lê,
este sorriso pleno
e o brilho nos olhos.
Para quem me sente,
e abraça minha alma,
o verso do meu reverso.
Esta é a minha missão:
mostrar a poesia mesmo
no desencanto dos dias...


28 janeiro, 2015

O Amor

O amor não procura razões,
e nem dá a elas um valor.
O amor tece seus próprios motivos entre
dias tingidos de  luz,  
e noites de promessas secretas.
Quem tenta entender, 
perde o prazer da descoberta,
e quem insiste em explicar
sente-se vencido, 
antes de  lutar.




24 janeiro, 2015

Risos depois da chuva

Chuva que passou,
deixou poças pelo caminho
e brincadeiras para os pequenos pés.
Amigos felizes naquela aventura divertida,
me fizeram lembrar que também fui
Dançarina do pular e molhar...

23 janeiro, 2015

A você, que me inspira

Do que sentes,
faço tinta para a minha pena,
e busco dentro de mim
as imagens dos sonhos que me contas.

Te sigo pelos dias, um passo atrás de cada passo teu,
lendo nas pegadas a aridez do caminho.
Aprendo contigo segredos de viver, e, de tanto guardá-los comigo, sigo mais plena.
E quando mostro a outros olhos o que registrei de ti,
me alimento de novas letras e recomeço a minha sina.
Se tua força me abandonar, os dias serão mais tristes,
e todas as aves voarão em um outro céu,
em rumos sem sentido,
de meus olhos contornando lágrimas.

Sou Borboleta

Sou borboleta solitária,
em voo incerto,
translúcida ao sol.
Já não me encantam jardins floridos,
ou perfumes e brisas,
e o som do riacho soa triste
nos meus dias.
Trago nas asas o cansaço
de desilusões que tive,
e já não me alegro com
minhas próprias cores.

Tão frágil sou,
cercada de saudade,
que mergulho em memórias
do tempo em que podia sonhar...

Vendo o tempo passar

Como crescer
sem deixar de ser
o que, afinal, sou?
Esta mesma menina
de vestido florido
e tranças no cabelo?

Como correr pelo bosque
sem espantar as borboletas
que fui entre voos da imaginação?

Ainda me encantam a chuva a escorrer pelo rosto,
e a aventura de seguir os sons das folhas...
E quando vejo a grama verde,
ainda me deito,olhando o céu
e reconhecendo nas nuvens
as formas exatas criadas pelo vento...

Como deixar de chorar
pelo passarinho que não viveu,
tolhido na gaiola
ou pelas flores que secaram ao sol
se ao ver o pequeno caderno,
ainda gravo nas folhas em branco,
as cores de arco-íris e aquelas
primeiras palavras que aprendi?





A Solidão

A solidão tem cores que só eu vejo
e, como no quadro surreal,
traduz meu espírito viajante,
caçador do que não sabe existir.
Por ela já troquei sonhos,
vendi o coração
e desisti de seguir...

A solidão tem sons que só eu escuto
e, como na velha canção,
traz  melancolia de saudades juvenis
e lembranças bem guardadas...

A solidão me toca e me chama para si,
mas escolho encontrar o sorriso que li
nas linhas daquele novo poema...